Principalmente porque milhões de pessoas, países inteiros, vivem o futebol como se dele dependesse este mundo e o outro. E porque é um jogo visualmente atrativo, mesmo com as manipulações notórias nas arbitragens e na trapaça do sorteio dos grupos para este Mundial.
Mas falemos das seleções. Será que representam efetivamente os países, como faz supor o fanatismo dos adeptos e o fervor com que acompanham o hino como se daqueles 11 homens em calções ganhando "uma grana preta" dependesse o futuro da nação?
Mesmo que saibamos que não, a imagem do país, para o bem e para o mal, é atingida, pelo menos para os biliões de seguidores do futebol no mundo.
É evidente que este tipo de eventos serve fins dentro do sistema.
As opiniões públicas são manipuladas e arrastadas para o fanatismo do futebol e o esquecimento do resto. As grandes marcas fazem campanhas gigantescas explorando ao máximo o evento. Desde Nikes, Adidas, Coca-Colas, MacDonalds, marcas nacionais, até ao mais ínfimo bar ou restaurante, não há quem não use a "copa" para se potencializar.
Este Mundial tem-se caracterizado por aspectos já comuns aos anteriores e por outros mais específicos. Um destes é o paradoxo da forte contestação popular à organização da Copa coexistindo com o fervor pela seleção, que no Brasil assume contornos de verdadeira religião.
ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA
Esta participação acaba por refletir o estado em que o País se encontra. Embora não se possa fazer um paralelismo direto entre futebol e sociedade, alguns aspectos são óbvios.
Num país que estava há pouco em 4º lugar no ranking das seleções (e perto disso no dos clubes), a seleção é apenas um grupo desconexo de personalidades, clubismos e egos inflados de jogadores e dirigentes que põem interesses pessoais ou de grupos acima dum suposto interesse nacional.
Viu-se no jogo contra os EUA. Perante uma equipa americana de 2ª categoria no futebol mundial, se Portugal jogasse com crença e foco no coletivo teria goleado facilmente. Mas após marcar o 1º golo, o grupo recua e passa a defender o resultado - ao contrário de seleções menores como o Gana que se batem sempre de peito aberto, mesmo contra uma Alemanha - Paulo Bento pôs a equipa a jogar para um CR7 fora de forma e acabou por conseguir apenas o empate.
Alguns detalhes:
Paulo Bento - Treinador sério mas longe de ser inovador, parece subordinado aos "egos" da equipa, em particular CR7 e o núcleo duro tradicional, não foi capaz da necessária renovação para formar um grupo que representasse o melhor futebol luso.
Cristiano Ronaldo - Fora de forma após as lesões, ainda convencido de que tudo gira à sua volta, afirmou preto no branco "eu estou primeiro e a seleção depois" - o que, mesmo estando a referir-se à sua integridade física, é algo que não se diz em público e sobretudo daquela forma. Salvo no último golo, CR7 não teve papel relevante no jogo e perdeu muitas bolas divididas.
Nani - Outro jogador fora de forma após longo tempo sem jogar, e outro ego inchado - falhou passes clamorosos, é verdade que marcou mas também perdeu bolas decisivas.
Beto - Voluntarioso, mostra a típica mentalidade FCP de que se pode passar por cima de tudo desde que "venha a nós". Por acaso não comprometeu, mas teve uma saída em falso que só por milagre de Ricardo Costa (aliás, também ex-FCP) não foi golo.
Raúl Meireles - Outro jogador da escola portista, que se tornou meio hippie após a passagem por Inglaterra, ostenta um visual ridículo, próprio dum ego inflado e desconexo, de quem perdeu objectivos. Jogar neste nível implica uma atitude de combate que se exprime no geral, mas também no visual.
Pepe - Além da muito discutível utilização de estrangeiros naturalizados desvirtuar o carácter duma seleção, Pepe nem estava em forma e o seu currrículo conflituoso foi habilmente usado por quem quis prejudicar a equipa, expulsando-o injustamente contra a Alemanha.
De referir finalmente que o uso de jogadores medianos como Postiga, João Pereira, André Almeida, Éder, Miguel Veloso, Bruno Alves, Hugo Almeida, em detrimento dum William Carvalho, dum Rúben Amorim ou dum Quaresma, reflete o conformismo e a falta de visão que hoje caracteriza algumas mentes portuguesax.
Mas reconheça-se que o trabalho do selecionador é dificultado por os grandes clubes não priorizarem o que é nacional, bloqueando o despontar de novos bons jogadores para a seleção.
Assim, é provável que Portugal saia sem glória deste Mundial.
E nem se pode queixar muito da arbitragem, pois se no primeiro jogo o juíz foi ostensivamente pró-Alemanha, o mesmo não ocorreu contra os EUA em que a culpa recai exclusivamente no grupo português.
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