terça-feira, 9 de abril de 2013

cinema: Linhas de Torres (Wellington Lines) e Vermelho Brasil

Duas novas co-produções com significativa participação portuguesa, inclusive cofinanciadas pela RTP, sendo porém de notar que a parte francesa da produção (e também da realização, no caso de Vermelho Brasil) é marcante.

Passo a uma pequena análise, no segundo filme resumida a uma breve nota, dado que só pude assistir ao episódio final exibido na RTP, após o meu regresso a Portugal

Título em Portugal: Linhas de Torres (Wellington Lines, internacionalmente)
Género: Drama histórico
Produção: Paulo Branco, Portugal / França
Realização: Valeria Sarmiento
Argumento: Carlos Saboga
Ano: 2012
Classificação: Interessante ***

Portugal parece ter descoberto no filme histórico em coprodução - no caso com a França - um novo filão. Com vantagens e inconvenientes.

A vantagem é óbvia: a possibilidade de concretizar grandes produções, doutro modo inalcançáveis por orçamentos portugueses.

A desvantagem é que acabam por sujeitar-se a leituras históricas deformadoras.

O filme pretende retratar as invasões napoleónicas, focando-se na terceira, comandada por Massena em 1810.

De interessante nesta película, a vivacidade com que descreve o êxodo das populações e o desastre humanitário inerente. Seguramente muito aquém da realidade da fome, sangramento, doença e dor por que passsaram, é pelo menos uma tentativa de superar a vulgar visão militar duma invasão. Também interessante a tentativa dum olhar múltiplo, português, francês e inglês, usando personagens diversas, mesmo com uma espanhola metida inopinadamente na narrativa. Também interessante a focagem em personagens marginais mas enriquecedores da leitura, como esse português filho de francês que servira Napoleão mas acaba desertando para o lado português, desiludido com o jacobinismo. Ou do grupo de bandoleiros anti-franceses comandados por um exaltado religioso. Também de registar a marca negativa dada aos ingleses, um pouco tangencial embora, numa cena de violação sexual.

Mas no filme revelam-se fragilidades óbvias, como a concessão hollyoodesca a extensas cenas erótico-burlescas, pouco credíveis num contexto de caos bélico, com mortos, feridos e gente apavorada em fuga. Depois, uma visão claramente retórica heróíco-patriótica aqui e ali. A leitura política dos acontecimentos fica muito diluída, caindo-se na mera descrição militar e personalista do evento histórico. Finalmente, mesmo essa visão militar não retrata a complexa máquina que Wellington ergueu num curto período, logrando reconstruir o exército português na férrea disciplina britânica, usando castigos durissimos, e servindo-se também dum pioneiro sistema de comunicações por luzes e espelhos sobre torreões em linha - entre muitos outros detalhes das linhas de Torres Vedras que não figuram no filme. E quanto à visão personalista, sendo ela enriquecedora como referi acima, não substitui a necessária leitura global.

Também estranho - são as tais concessões inerentes a uma coprodução - que o filme tenha um título em Portugal e outro no exterior, este último com o foco apenas na figura de Wellington.



Quanto a Vermelho Brasil, o episódio a que asssisti realçava os méritos(?) franceses na tentativa de construir um império austral em 1564, apesar de completamente frustada por Portugal, mesmo com os escassos meios de que dispunha em comparação com o poderio francês. Se  o restante do filme for como estas cenas finais, a visão francófila  ofusca completamente a eficaz defesa portuguesa da então ainda incipiente colónia, só explicável pela boa ligação dos escassos povoadores portugueses às tribos indígenas.

Leituras como esta prestam um mau serviço à História, já bastante inquinada por interesses que foram levando a que, da parte brasileira como da portuguesa, por razões opostas, os relatos oficiosos acabem roçando frequentemente a incompetência e a mistificação mais delirante. Por exemplo, a maioria das Histórias brasileiras designam quase sempre os participantes locais em eventos (batalhas, motins) como "luso-brasileiros", mesmo quando o Brasil ainda nem existia enquanto colónia com esse nome pois era um conjunto de territórios separados. Do lado português, é também frequente uma visão pouco rigorosa dos acontecimentos, alternando entre o patrioteiro e a auto-punição. Um exemplo: a transferência da corte portuguesa para o Brasil - complexa operação que envolveu cerca de 15.000 pessoas, seus haveres, documentação, arquivos do Estado, etc., numa altura em que os barcos eram incipientes e movidos a vento, por isso mesmo tinha que ser (e foi) longamente planeada  - é quase sempre classificada nas Histórias brasileiras de "fuga em pânico" e como um evento vergonhoso.  Este relato falsificador não é devidamente contrariado pelos historiadores portugueses. Numa série histórica que decorre na RTP, aborda-se ambiguamente o assunto, dando um relevo descabido ao episódio da raínha aos gritos com os que a serviam. Triste, este tipo de abordagem pouco séria de um lado e doutro.

De notar, ainda a propósito de Vermelho Brasil, que o jornal Globo classifica o filme como brasileiro (?), ignorando o papel de Portugal e do produtor Leonel Vieira (realizador d' A Selva, ver aqui),  nesta coprodução francesa. A contrastar com o destaque que os media portugueses constantemente dão à produção cultural do "país-irmão" como por cá se designa (unilateralmente) o Brasil.


DIGIPUNCTURA - tratamentos para dores, etc.

PARA TODO O TIPO DE DORES, PARTICULARMENTE AS DOS JOELHOS




ENTORSES



O PONTO 7, NA BASE DO POLEGAR, PARA GARGANTA, TOSSE, RESFRIAMENTOS, CONGESTIONAMENTO NASAL, DORES MUSCULARES E CERVICAIS, DORES DE CABEÇA, BRONQUITES, ASMA, ACNE, DORES NO PUNHO, ETC.




BASE DO POLEGAR: MASSAJAR PARA OBTER ALIVIO EM CASO DE DORES DE CABEÇA, DENTES, GARGANTA, REGIÃO DOS OLHOS, ETC.



PARA DEIXAR DE FUMAR
Pressionar neste ponto do pé:


ou da mão:


segunda-feira, 1 de abril de 2013