rostos bonitos de raparigas sonhos claros no ar. um menino velho perfil negro cambaleante em contraluz no puro branco da neve. cidade de detroit: prédios contra o sol-poente de inverno coleção de tótens índios a arder pessoas simples borboletas limpas na paisagem onde ninguém quer ser quem não é. o fantástico músico desconhecido aqui idolatrado lá onde chora-a-terra-bem-amada de mandela. o operário feliz veste-se como príncipe para limpar casas sujas disse alguém: o artista é um ser superior faz de cada ato beleza quotidiana. rostos limpos pura emoção não escondida em palavras nem em nada: só o orgulho de se ser quem é tão pouco nas mãos. negro perfil de menino velho cambaleando pela neve. a cidade anoitece em contraluz
Em exibição no cinema King, Lisboa. Realizador: Malik Benjelloul; co-produção sueco -americana, 2012.
Um conselho: vá uma hora antes, tome um café e um doce ou um salgadinho no bar, enquanto numa poltrona lê um livro da editora Chiado que expõe no local centenas de títulos, muitos deles novos, e realiza frequentes sessões de autor - pode ter a sorte de apanhar alguma.
Mas nada de entrar na sala do filme com comida ou telemóveis ligados... Quem assiste é cinéfilo à moda antiga e gosta de assistir à obra sem ruídos. As salas são tradicionais, mesmo só para ver filmes - comer e beber é no bar...
NOTA (18-05-2014): Quando, regressado a Portugal, há uns meses atrás tentei ir ao cinema King, deparei-me com o espetáculo desolador dum espaço fechado à espera aparentemente de quem o compre ou alugue. Sinais do tempo, numa Lisboa onde têm fechado várias salas de cinema e livrarias de cultura.
Nem faço comentários, a não ser que está em curso um movimento contra a venda do cinema Londres a uma loja chinesa - fica perto do King, e era um bom espaço, sim, mas passava quase só filmes do circuito comercial - e ninguém se mobilizou contra o fecho do King, que apenas passava filmes de qualidade do circuito alternativo.
É a noção de cultura modernaça de certa gentinha.
:(
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mais cinema na pág. 8
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